No caso, minha cabeça inventa cada coisa...
Tem dias que eu não consigo sentir sono por nada e, em vez de contar carneirinho, eu fico pensando e refletindo sobre muitas coisas (inclusive, isso de contar carneirinho nunca deu certo pra mim).
Era 5 horas da manhã e, em vez de dormir, eu tava pensando sobre como eu acho que tenho obrigação de ser obcecada por tudo que eu gosto. Vou explicar:
Se eu gosto muito de uma cantora, pra mim, eu tenho que saber a maioria ou todas as músicas dela, porque se eu não conhecer uma música que seja e outra pessoa perceber isso, vai parecer que eu não gosto tanto dessa cantora quanto eu digo que gosto. Fonte: vozes da minha cabeça.
Uns anos atrás, a gente fazia cyberbullying chamando os outros de "poser" no Twitter, que significa não ser fã de verdade de alguma coisa, e esse termo era usado de uma forma tão pejorativa que ser chamado assim era o maior pesadelo de qualquer adolescente fangirl. Acho que essa fase da internet me traumatizou um pouco e me persegue porque mexe diretamente no jeito que eu enxergo os meus gostos e hobbies até hoje.
Eu adoro a Viola Davis, não só como atriz mas como pessoa também, mas eu não falo isso pra ninguém porque eu assisti tudo que ela já fez? Não, eu não assisti tudo, e aí minha mente desocupada faz parecer que a minha admiração por ela não é verdadeira ou que eu não gosto dela o suficiente — Nana não se menospreze por 5 minutos challenge.
Percebi que esse pensamento disfuncional acontece por dois motivos: eu me importo muito com a opinião das outras pessoas e fico com medo de um possível julgamento; e eu me comparo muito com outras pessoas que gostam das mesmas coisas que eu e aí se ela parece mais engajada do que eu, parece que eu sou menos fã do que ela e preciso me esforçar mais pra demonstrar que eu realmente gosto da pessoa ou da coisa. (Escrevendo esse parágrafo agora percebi que também rola uma competição dentro da minha cabeça onde eu preciso provar que sou mais fã que a pessoa que to me comparando 💀)
Não satisfeita vou dar mais um exemplo: thriller é o meu gênero favorito pra livros, só que eu não li todos os livros de thriller no mundo, inclusive os mais famosos, tem livros do Stephen King que eu nunca li 🤓 isso faz com que eu seja menos fã do gênero? Não sei, na minha opinião não, talvez pra certas pessoas sim, mas tipo assim, e daí? Quem se importa? Eu vou continuar gostando, independente se eu li 3, 10, 200 ou 5.000 mil livros thriller.
De repente tive uma epifania e percebi que não to nem aí.
Eu não preciso ser uma enciclopédia sobre os meus gostos só pra provar um ponto pra alguém, ou pra paranoia que inventei na cabeça. Não tem necessidade de transformar tudo numa obsessão, eu posso gostar das coisas de um jeito normal sem ficar me cobrando. Já me cobro pra tanta coisa, pra que vou me cobrar com isso que era pra ser o meu lazer?
É claro que quando você gosta de algo, consequentemente você vai consumir muito sobre, uma coisa leva a outra, mas, o que coloquei na minha cabeça é que eu não preciso, não sou obrigada, a consumir tudo sobre o meu interesse se eu não quero. Tem como gostar das coisas de um jeito casual. Simples assim.
Amaram esse character development?
Naaaana, amei o character development demais!
ResponderExcluirMe lembro bem dessa onda de chamar os outros de poser: tinha que conhecer o trabalho do artista de trás pra frente e gostar de tudo também, criticar era proibido (às vezes continua sendo...). Chatíssimo. Que bom que você se livrou dessa, esse tipo de cobrança impede que a gente curta de verdade o livro, a música, o filme, etc.
Como você disse, era o maior pesadelo de qualquer adolescente, depois que a gente sai dessa fase esse tipo de coisa deixa de ter relevância (ufa!).
Beijos para você!
E quando vc não sabia de coisas da vida PESSOAL do artista e era taxada de poser? Que terror!, e eu vou lá saber o nome do hospital que a pessoa nasceu, eu ein!!
ExcluirExatamente, acaba se tornando uma coisa muito mais leve quando vc não se preocupa em ser uma enciclopédia e só aproveitar a coisa.
Beijos <3
OLHA ESSE FLUXO DE PENSAMENTOOOO!!! KKKKKKKKKKKKKKKK, amiga, eu acho lindo a gente começar a escrever, aí vai refletindo sobre o problema e depois conclui que o problema nem deveria existir. Essa questão de ser fã e precisar saber tudo, já foi um pesadelo para mim, pois sou uma garota que gosta de rock num mundo em que homens roqueiros acham que para a mulher ser fã, ela tem que saber a árvore genealógica do baterista. Passei por esse momento de não dizer que gostava por medo de viver um momento constrangedor devido à minha suposta imensa ignorância, mas aí eu percebi que foda-se também. Não sei mesmo, e aí? Vai me ensinar? Eu tenho obrigação de saber sobre tudo? Meu pai sempre dizia "se nem Jesus agradou todo mundo, quem dirá eu" e isso é um ensinamento para todas as áreas da nossa vida.
ResponderExcluirE quando alguém tentar te diminuir por não saber algo, faça como eu, faça cara de extremamente animada, bata palmas e fale "uaaaaaaaaaaaaaau!! que incrível! Parabéns mesmo viu? Merece um prêmio, alguém traz uma capa para esse herói". Constrangimento como resposta sempre é uma possibilidade, a pessoa vai parar pra refletir que o conhecimento dela beira o insignificante (seja tóxica de vez em quando)
Garota do 330
Amiga, foi exatamente assim que aconteceu, eu comecei a refletir sobre, que eu me comportava assim há muito tempo, mas chegou uma hora que fiquei "Pera! Pq que tem que ser assim?" Juro, me senti tão leve na hora. É tão bom quando a gente desconstrói um pensamento que trava a gente e a gente pode viver em paz kkkkk E é exatamente sobre isso, ser tóxica de vez em quando é necessário, isso é outra coisa que preciso implementar na minha vida!
ExcluirEu amei o desenvolvimento sim, hahaha!
ResponderExcluirPoxa Nana, lendo seu post eu fiquei tão triste por você que não saberia nem explicar - imagina o cansaço de não poder sequer falar das coisas que você gosta, sabe? Queria te dar um abraço enquanto eu lia e dizer que você real não precisa se provar pra ninguém, nem pra si mesma. Espero muitoooo que você siga nesse desenvolvimento e consiga pegar mais leve consigo mesma pelo menos nos seus gostos e hobbies ♥
Respondendo seu comentário: invejarei eternamente sua habilidade de ver filmes de terror e dormir de boas depois, ok? Teje informada.
Beijinhos! :*
Ai sim, agora imagina eu já me cobrando horrores por achar que eu tenho que saber tudo sobre as coisas que eu gosto + eu não ter ninguém com os mesmos gostos que eu, então eu basicamente tinha um vasto conhecimento pra conversar comigo mesma kkkkkkk Aceito o abraço virtual 🫂
ExcluirÉ por isso que eu tenho um blog pra falar abertamente sobre as coisas que eu gosto independente se vão me confrontar, to no meu blog. Mas mesmo assim eu tenho essa necessidade de conhecer a fundo cada coisinha pequena que eu me proponho a conhecer, mas eu atribuo isso ao meu autismo ou meu tdah e seus hiperfocos.
ResponderExcluir"Eu não preciso ser uma enciclopédia sobre os meus gostos só pra provar um ponto pra alguém". É sobre isso!
Sim, tem certos assuntos que me pego indo afundo por livre e espontânea vontade, por curiosidade e interesse próprio mesmo, o problema é quando eu fazia isso por sentir ser a minha "obrigação" aí era complicado, mas felizmente me livrei disso.
ExcluirTem uma figurinha muito boa no Whatsapp que são mulheres numa ciranda "invocando um foda-se" que acho que ficaria perfeito pra caracterizar a finalização do desenvolvimento ahahah
ResponderExcluirMas o que tu escreveu faz muito sentido. Eu sentia a mesma necessidade de pertencimento. Só que depois de uns anos (sofrendo por isso) a gente realmente se dá conta de que ninguém dá a mínima se tu leu todos os livros de Stephen King a não ser que seja numa conversa mais específica. E essa conversa específica vai ser gostosa com ou sem conhecer absolutamente todos os livros.
ESSA FIGURINHA É MARAVILHOSA KKKKKKK A gente vai aprendendo que nem tudo tem que ser levado tão a sério assim
ExcluirOi Nana, tudo bem?
ResponderExcluirO amadurecimento do character development no final é tudo pra mim KKKKKKK
Eu acho que na adolescência a gente se cobra muito por isso porque é uma fase da vida em que a gente sente que precisa se provar. Mas quando amadurecemos, a gente percebe que existem preocupações que merecem mais espaço na nossa mente, sabe? E se cobrar por isso definitivamente não é uma delas. Bora amar o que a gente ama e #pas (até pra não ficar aqueles caras chatos que você diz que gosta de uma banda e ele vem "então diz o nome do tio-avô do guitarrista do primeiro álbum KKKKK)
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Ai é exatamente isso, to me desprendendo agora dessa ideia de achar que tenho que pertencer que nasceu lá na adolescência e tem sido muito libertador.
Excluir